segunda-feira, 3 de junho de 2013

Paula Pimenta

A escritora mineira de 36 anos ultrapassou a marca dos 100.000 exemplares vendidos com a publicação do quarto livro da série infanto-juvenil ‘Fazendo Meu Filme’ e o início de uma nova saga, ‘Minha Vida Fora de Série’

A escritora Paula Pimenta é uma menina grande. Aos 36 anos, ela não chega ao extremo de ser fã de Justin Bieber e Demi Lovato, mas coleciona mais de 50 livros de Meg Cabot, a ídolo da literatura adolescente, e passa a maior parte do tempo lendo e escrevendo no quarto com bichos de pelúcia e repleto de imagens de lua e estrela, em sua casa em Belo Horizonte, onde mora com a mãe e com o irmão. A alma de menina também é evidente de outras formas. Ela carrega no pulso um relógio com desenho do Mickey Mouse, pinta as unhas com esmalte nas cores rosa, vermelho, azul e roxo, as mesmas que colorem as capas dos seus livros, e é fã de filmes de romance e de fantasia: A Bela e a Fera, Bela Adormecida, Crepúsculo e O Diário da Princesa. É justamente através da ligação intrínseca que mantém com seu passado adolescente que se dá a identificação com suas leitoras, a maioria meninas entre 12 e 16 anos, e o consequente sucesso como autora infanto-juvenil. Desde a publicação de seu primeiro livro, Fazendo Meu Filme 1 – A Estreia de Fani (Gutenberg, 336 páginas, 32,90 reais) em 2008, Paula acumula 100.000 exemplares vendidos com os quatro volumes da série lançados e o primeiro volume de uma nova saga, Minha Vida Fora de Série. “Minha voz interior ainda é muito adolescente. Comecei a viver esse universo. Leio o que os adolescentes leem, escuto o que eles escutam”, diz.

A fórmula dos livros é simples e está na moda. Abordam temas tipicamente femininos em primeira pessoa e se propõem a traçar, sem juízo de valor, o perfil da mulher moderna, no caso, da adolescente moderna. O estilo literário é apelidado de chick-lit (literatura de mulherzinha, na tradução literal) e capitaneado pelas autoras Helen Fielding (O Diário de Bridget Jones), Candance Bushnell (Sex and The City), Marian Keyes (Melancia) e Meg Cabot (O Diário da Princesa), a mais bem-sucedida, com mais de 15 milhões de exemplares vendidos, e eleita pela mineira como a mentora de seu estilo literário.

Nos livros de Paula, o clima de bate-papo entre amigas é ainda mais explícito do que nos de Cabot. Ela usa a personagem Fani, uma menina tímida de 16 anos, para contar situações reais vividas durante a adolescência: o primeiro amor, os desentendimentos com os pais, os bilhetinhos trocados na sala de aula e um redemoinho de novas emoções típicos da idade, tudo isso somado à oportunidade de estudar na Inglaterra. Paula começou a escrever o primeiro volume durante uma viagem a Londres, onde foi cursar aulas de escrita criativa. “Eu criei a Fani com base em coisas que vivi e acho que existem mais Fanis por aí do que a gente imagina”, diz Paula, que recebe dezenas de e-mails de leitoras dizendo que se identificaram com a personagem.

O fenômeno de vendas da série Fazendo Meu Filme é indício de que Paula conseguiu criar uma personagem que estabelece com as leitoras uma relação de intimidade e veio se fixar como uma das principais autoras nacionais da literatura juvenil. Desempenho parecido no mesmo segmento teve a carioca Thalita Rebouças, conhecida pela série Fala Sério, que acumula 1 milhão de livros vendidos desde 1999, ano do primeiro lançamento.

O cotidiano e os interesses de Fani são compartilhados pela maioria de suas fãs na vida real e as histórias da personagem suprem o desejo ávido das adolescentes de ouvir quem fale de suas aflições, mas não desdenhe de sua imaturidade. Ainda que se possa dizer que o enredo não levante reflexões contundentes, os livros da mineira cumprem a função do gênero chick-lit: entreter e incentivar a leitura. “Adoro saber que influenciei a leitura de alguém. O importante é que elas leiam.”

Assim como nos livros de Meg Cabot, as histórias têm altas doses de realismo. Paula reproduz e-mails e mensagens trocadas pela internet entre os personagens e vai a lugares visitados por eles na ficção antes de começar a escrever. No processo de criação do quarto e último livro de sua série de estreia, por exemplo, Paula viajou aos Estados Unidos para conhecer Los Angeles, Las Vegas, Hollywood e Beverly Hills, lugares por onde Fani passa durante o intercâmbio. “Só foi possível escrever o livro por causa da viagem. Lá, tive várias ideias.”